Como hobbies podem ajudar na sua saúde mental e algumas dicas para encontrar o seu tipo de hobby.
Você já deve ter ouvido falar sobre a importância da atividade física para a saúde (se é que ainda faz sentido separar saúde “física” e “mental”). Mas e ocupar seu tempo com coisas que, à primeira vista, parecem “inúteis”? Sim, hobbies! Aquele passatempo que você faz só por prazer, sem a pressão de ser produtivo ou fazer algo grandioso.
De acordo com o Dicionário Aurélio, hobby é: “Passatempo favorito, algo que se faz nas horas vagas por prazer e não por obrigação.” E é exatamente isso que torna os hobbies tão poderosos! Pesquisas mostram que eles podem ser tão saudáveis quanto ir à academia. Um estudo com 93 mil pessoas em 16 países revelou que quem tem hobbies relata maior satisfação com a vida, menos sintomas de depressão e uma saúde geral melhor. Os hobbies avaliados iam de jardinagem a artesanato e atividades em grupo.
Agora, você pode estar pensando: “Ok, mas por que isso funciona?” É aí que entra a psicologia e a neurociência. Hobbies ajudam a regular emoções. Nós chamamos isso de ativação comportamental: quando direcionamos nosso comportamento para algo que ajuda a liberar neurotransmissores que regulam nossas emoções (sim, é uma técnica da terapia cognitiva-comportamental).
E tem mais! Aprender um hobby novo também amplia seu repertório de habilidades e faz o cérebro agradecer. Quando você se aventura em algo novo, está praticando neuroplasticidade — a capacidade do cérebro de reorganizar conexões neuronais. É como dar um “upgrade” no cérebro: hipocampo, córtex pré-frontal e redes motoras se ativam, fortalecendo conexões e criando novos circuitos. Ou seja, mais criatividade, resiliência e flexibilidade para encarar os desafios da vida.
Quer explorar um novo hobby? Aqui vão algumas dicas:
- Faça as perguntas certas:
- O que eu já gosto de fazer no tempo livre?
- Prefiro atividades criativas, físicas ou mais tranquilas?
- Quero algo para fazer sozinho ou em grupo?
- Teste coisas diferentes: Workshops, aulas online e até encontros de comunidade local são ótimos para começar.
- Não tenha medo de errar: Comece pequeno e veja o que combina com você. Não precisa gastar rios de dinheiro no início.
- Revisite velhos amores: Lembra daquele hobby que você tinha na infância? Talvez seja hora de dar uma segunda chance!
- Busque inspiração: Explore plataformas como YouTube, Meetup ou até mesmo converse com amigos para pegar ideias.
Algumas ideias para começar:
- Criativos: Pintura, fotografia, escrita, artesanato.
- Físicos: Caminhada, yoga, dança, ciclismo.
- Sociais: Jogos de tabuleiro, voluntariado, esportes em equipe.
- Práticos: Jardinagem, culinária, reparos manuais.
- Intelectuais: Aprender idiomas, xadrez, leitura.
Em suma, hobbies são atividades que, embora muitas vezes consideradas “inúteis”, desempenham um papel fundamental na saúde mental e física, principalmente ao proporcionarem uma forma de regulação emocional e estimular a neuroplasticidade do cérebro. Ao aprender novas habilidades, seja por meio de atividades criativas ou físicas, o cérebro se beneficia ao criar novas conexões, fortalecendo a resiliência e a flexibilidade para enfrentar os desafios diários. Além disso, os hobbies promovem a satisfação pessoal, conectam indivíduos socialmente e contribuem para uma vida mais equilibrada e saudável, como demonstrado por diversos estudos que reforçam esses benefícios (Steptoe et al., 2013; Fancourt & Steptoe, 2019).
Referências:
STEPTONE, A.; WARDLE, J.; CUMMINGS, T. Occupational stress and physical health: A review of the literature. Psychology & Health, v. 28, p. 1077-1087, 2013.
FANCOURT, D.; STEPTOE, A. The influence of social participation and the arts on health: a review of the evidence. The Lancet Psychiatry, v. 6, p. 358-368, 2019.