Nostalgia ou Infelicidade com o Presente e Futuro?

Quando a saudade do passado diz mais sobre o presente do que sobre o passado

Você já se pegou ouvindo uma música dos anos 2000 e pensando: “Naquela época tudo era melhor”? Ou assistindo um desenho antigo e sentindo que a vida tinha mais graça? Pois é, bem-vindo ao clube da nostalgia! Mas será que o passado era realmente melhor ou estamos só insatisfeitos com o presente?

A nostalgia é um fenômeno psicológico poderoso. Estudos mostram que ela pode ter um papel positivo: nos ajuda a regular emoções, fortalecer nossa identidade e até aumentar a sensação de pertencimento. Mas também pode ser uma armadilha: ficar preso ao passado pode ser um sinal de descontentamento com o agora e um jeito de evitar lidar com desafios da vida atual.

O Passado Era Tão Bom Assim?

Nosso cérebro tem um viés chamado “viés de positividade retrospectiva” (rosy retrospection). Ele edita memórias antigas para que pareçam melhores do que realmente foram. Aquela viagem em família pode ter sido incrível na sua lembrança, mas você esqueceu dos perrengues, das brigas e do calor infernal no carro sem ar-condicionado. O mesmo vale para os “bons tempos da escola”—será que eram tão bons assim ou a gente só esqueceu do tédio das aulas e do drama adolescente?

Além disso, a nostalgia tende a bater mais forte quando estamos em momentos de incerteza. Quando o presente parece caótico e o futuro, assustador, o passado vira um refúgio confortável. É por isso que tantas pessoas, em tempos difíceis, começam a consumir conteúdos nostálgicos—seja revendo séries antigas ou voltando a hobbies da infância.

Fugindo do Presente ou Buscando Conforto?

A nostalgia em si não é um problema. Pelo contrário, pesquisas indicam que pode ser benéfica, ajudando a reduzir estresse e ansiedade. O problema surge quando ela se torna um mecanismo de fuga, impedindo que a gente lide com o presente e construa um futuro melhor.

Se você sente que a nostalgia está se tornando uma forma de evitar a realidade, vale a pena se perguntar:

  • O que no presente está me incomodando?
  • O que eu posso mudar para tornar minha vida mais satisfatória?
  • O que eu gosto tanto no passado que posso trazer para o presente de forma saudável?

A nostalgia pode ser um bom lembrete do que faz sentido para você. Se jogar videogames antigos te traz alegria, por que não reservar um tempo para isso hoje? Se sentir saudades de encontros com amigos, que tal criar novas tradições?

Em resumo, sentir nostalgia é normal e até saudável, desde que ela não nos impeça de construir um presente e um futuro que, um dia, também serão boas lembranças.

Este artigo foi escrito por:

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Gustavo Henrique

Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Gustavo Henrique | Psicólogo Clínico CRP 08/32842

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