É melhor ter paz ou ter razão?

A difícil arte de escolher nossas batalhas – e como isso impacta nossa vida

Às vezes, precisamos nos esquivar de certas situações para nos preservar. Quando somos adolescentes, rebeldes sem causa, queremos mudar o mundo e a cabeça das pessoas ao nosso redor. Sentimos como se todos estivessem dormindo, enquanto, aos 13 anos, acreditamos saber mais sobre a vida do que aquela pessoa de 45 anos à nossa frente.

O tempo passa. Crescemos e começamos a entender a mente das pessoas de 45. Aos poucos, nos cansamos. O espírito rebelde vai ficando para trás, e o que sobra é a necessidade de tirar um tempo para descansarmos a mente antes de enfrentarmos novamente o dia a dia.

E talvez seja aqui que começamos a perceber que, no fundo, não se trata apenas de rebeldia ou conformismo, mas de saber escolher nossas batalhas. No curso de Psicologia, nas aulas de Análise do Comportamento, aprendemos que a esquiva pode reforçar comportamentos desadaptativos. Muitas vezes, a melhor estratégia para a melhora clínica não é evitar, mas sim ativar certos comportamentos ou bloquear algumas formas de esquiva.

Ao nos aprofundarmos no tema, especialmente em Psicopatologia, percebemos que, quando um indivíduo não tem repertório para se esquivar de ambientes aversivos, ele tende a responder emocionalmente com tristeza, raiva, ansiedade, entre outras reações. Isso ocorre porque ele não consegue sair da situação, ficando preso ao sofrimento. Claro, essa é uma explicação resumida, pois não quero que este texto se torne excessivamente técnico.

Mas, afinal, devemos nos esquivar ou não? Qual é a melhor resposta?

A resposta, meus caros leitores, é: depende do contexto.

E talvez esse seja o amadurecimento que vem com o tempo. Quando jovens, achamos que enfrentar tudo é sempre a melhor solução. Mas com o passar dos anos, entendemos que nem todas as batalhas precisam ser travadas. Assim como também aprendemos que fugir de tudo pode nos tornar prisioneiros do medo.

A questão central é compreender se a esquiva está nos protegendo ou nos limitando. Se estamos apenas fugindo de desafios por medo ou insegurança, talvez seja o momento de enfrentar. Por outro lado, se insistimos em permanecer em situações que nos destroem, talvez seja hora de nos afastarmos.

No final das contas, esquivar-se ou encarar é uma dança entre coragem e autopreservação. Em alguns momentos, será necessário engolir o orgulho e dar um passo atrás; em outros, será essencial firmar os pés no chão e não recuar. O que diferencia maturidade de imaturidade não é a frequência com que escolhemos um ou outro, mas a sabedoria de saber quando cada um se faz necessário.

Talvez aquela pessoa de 45 anos que, aos 13, eu julgava “adormecida”, não estivesse apenas conformada com a vida, mas tivesse aprendido, com suas próprias batalhas, que há lutas que valem a pena e outras que são apenas tempestades passageiras. E assim seguimos, aprendendo quando é hora de recuar e quando é hora de avançar.

Como diria o Sr. K, do podcast Jovem Nerd: “É melhor ter paz do que estar certo.” Afinal, nem sempre vencer uma discussão ou provar um ponto vale o desgaste emocional. Escolher nossas batalhas com sabedoria é, no fim das contas, um sinal de maturidade.

E você, leitor, quais foram os momentos da sua vida em que percebeu que esquivar-se foi a melhor escolha? E quando descobriu que era necessário enfrentar?

Este artigo foi escrito por:

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Gustavo Henrique

Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Gustavo Henrique | Psicólogo Clínico CRP 08/32842

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