Você já aguentou tanto. Vai mesmo duvidar de si agora?

O cérebro tende a esquecer a própria força quando está cansado.

É curioso como, em momentos de exaustão, a mente humana passa a contar histórias diferentes sobre nós mesmos. Basta um contratempo, um revés, uma nova incerteza… e aquele discurso interno muda de tom:
“Você não vai conseguir.”
“Você é fraco.”
“Vai dar tudo errado.”

Mas essas falas não surgem do nada. Elas fazem parte de um processo psicológico compreensível — e, acima de tudo, tratável. A ciência da psicologia tem um nome para isso: viés de negatividade. É a tendência do nosso cérebro de dar mais peso às experiências negativas do que às positivas. E quando estamos sob estresse ou fadiga emocional, esse viés se intensifica.

É aí que entra outro fenômeno bem estudado: o desamparo aprendido. Quando a pessoa vivencia repetidas situações em que parece que nada do que ela faz muda o resultado, ela pode começar a acreditar que não adianta mais tentar — mesmo quando as condições já mudaram. O cérebro, para economizar energia, prefere repetir o padrão aprendido: “não vale a pena lutar”.

Mas vamos lembrar de algo importante: crenças não são fatos.
São interpretações — e interpretações podem ser questionadas, avaliadas e transformadas. Isso é a base da terapia cognitiva-comportamental (TCC): identificar os pensamentos automáticos negativos e investigar o quanto eles se sustentam diante das evidências reais.

Então, pare e pense com honestidade:
Quantas vezes você achou que não fosse dar conta… e deu?
Quantas vezes pensou em desistir… mas permaneceu firme?
Quantas batalhas você enfrentou sem manual, sem apoio, no improviso… e mesmo assim sobreviveu?

Essas experiências não são invisíveis. Elas deixaram marcas — não só emocionais, mas neurobiológicas. A exposição repetida a adversidades, quando acompanhada de enfrentamento e superação, fortalece circuitos cerebrais ligados à autorregulação emocional, flexibilidade cognitiva e até percepção de autoeficácia. Você literalmente construiu recursos psicológicos e fisiológicos ao longo do caminho.

Não, você não está sendo fraco agora. Você está cansado.
E cansaço não é sinal de incapacidade. É sinal de humanidade.

Por isso, da próxima vez que sua mente tentar desvalorizar tudo o que você já superou, pratique um pouco de ciência aplicada:

  • Questione a validade dos pensamentos automáticos.
  • Reconheça o viés de negatividade.
  • Relembre as evidências do seu próprio histórico de resiliência.
  • E se possível, fale disso em voz alta com alguém que possa te ajudar a ver o que você mesmo já esqueceu.

Você já aguentou tanto.
Vai mesmo duvidar de si agora… ou vai começar a lembrar?

Este artigo foi escrito por:

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Gustavo Henrique

Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Gustavo Henrique | Psicólogo Clínico CRP 08/32842

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