O que, cientificamente, deixa seu relacionamento melhor?

Manual de sobrevivência amorosa sem precisar ligar pra seu psicólogo às 3 da manhã

Se você acha que manter um relacionamento saudável é como manter uma samambaia viva, você está meio certo. Mas com menos fotossíntese e mais conversas sobre quem deixou a toalha molhada na cama.

O amor, segundo a poesia, é um sentimento sublime. Segundo sua tia, é encontrar alguém que aceite você do jeitinho que é. Segundo a ciência… bem, a ciência tem planilhas, randomizações e um monte de casais que toparam brigar na frente de pesquisadores por uma boa causa.

E a boa notícia? Sabemos com certa precisão o que realmente melhora um relacionamento amoroso. E não, não é só “sair para jantar uma vez por mês”. (Embora isso também não atrapalhe.)


1. Aprender a brigar direito é mais sexy do que você imagina

Sim, vocês vão discordar. Não, isso não significa que o relacionamento acabou.
O que separa os casais que se abraçam depois da briga dos que terminam discutindo pelo WhatsApp é a forma como o conflito é gerenciado.
Segundo John Gottman (que observou casais como quem observa chimpanzés no Discovery Channel, só que com mais divórcios envolvidos), críticas constantes, desprezo e defensividade são o equivalente relacional a enfiar o dedo na tomada molhada.
Evitar isso e discutir com gentileza e pausa dá muito mais certo.


2. Fazer carinho não paga boleto, mas salva relacionamentos

Casais que mantêm rituais de carinho, beijos antes de sair, mensagens bobas no meio do dia e um “como foi seu dia?” sincero, têm relacionamentos mais duradouros.
Isso não é uma sugestão de guru de Instagram: é resultado de ensaios clínicos randomizados e estudos longitudinais.
Ou seja: seu cérebro gosta de previsibilidade, e seu coração também.


3. Celebrar as vitórias do outro aumenta a paixão (mesmo depois de 8 anos juntos)

Sabe aquela vez que seu parceiro te contou que passou na entrevista e você respondeu “ah, que bom”?
Então. Tinha como melhorar.
Quando você reage com entusiasmo genuíno às conquistas do outro, isso aumenta a intimidade e a satisfação no relacionamento. A ciência chama isso de capitalization. Você pode chamar de “não ser um banana emocional”.


4. Relacionamentos melhoram quando você cuida da sua própria cabeça

Pessoas que regulam bem as próprias emoções tendem a brigar menos, pedir desculpas mais rápido e não guardar rancor até 2047.
Mindfulness, autocuidado e, claro, terapia, ajudam nisso.
Lembra da instrução de pôr a máscara de oxigênio em si antes de ajudar o outro? Serve pra casais também.


5. Se você não conversa sobre a relação, ela vira um grupo de WhatsApp silenciado

Conversas regulares sobre “nós dois” — valores, planos, medos, limites, desejos — estão ligadas a maior satisfação conjugal e menor risco de separação.
Inclusive, tem terapia baseada nisso: casais que fazem “check-ups relacionais” sem ter uma crise grave apresentam melhora em vínculo e satisfação.
Sim, conversar antes da bomba estourar é cientificamente melhor do que varrer os problemas para debaixo do tapete emocional.


Então… o que melhora um relacionamento?

Nada mágico. Nada digno de Oscar.
Mas sim: comunicação honesta, toque frequente, cuidado consigo mesmo, brigas justas e conversas significativas.

Não parece roteiro de comédia romântica, mas funciona melhor que muitos casamentos do cinema.

Com evidências, ironia e um pouco de sarcasmo funcional,
Psicólogo Gustavo Henrique

Referências

GABLE, S. L. et al. What do you do when things go right? The intrapersonal and interpersonal benefits of sharing positive events. Journal of Personality and Social Psychology, v. 87, n. 2, p. 228-245, 2006.

GOTTMAN, J.; SILVER, N. The Seven Principles for Making Marriage Work. New York: Crown Publishing Group, 1999.

CORDOVA, J. V. et al. The marriage checkup: A randomized clinical trial of annual relationship health checkups. Journal of Consulting and Clinical Psychology, v. 82, n. 4, p. 592–604, 2014.

WILLIAMSON, H. C. et al. Habitual routines and rituals in romantic relationships: A daily diary study. Journal of Family Psychology, v. 35, n. 5, p. 634–644, 2021.

KIKEN, L. G.; SHOOK, N. J. Looking up: Mindfulness increases positive judgments and reduces negativity bias. Social Psychological and Personality Science, v. 2, n. 4, p. 425–431, 2011.

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Gustavo Henrique

Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Gustavo Henrique | Psicólogo Clínico CRP 08/32842

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