Ou: como sobreviver à vida quando o GPS emocional está fora de área de cobertura
Vamos direto ao ponto: estar perdido é um saco. É como acordar no meio de um labirinto emocional sem mapa, bússola, lanterna e, claro, sem nenhuma placa útil indicando “Você está aqui”.
Mas aqui vai um pequeno segredo embaraçosamente humano: todos nós ficamos perdidos de vez em quando. Não importa o quanto você tente organizar a vida em planilhas coloridas, meditações diárias ou listas de metas inspiradoras — o caos, mais cedo ou mais tarde, dá um jeito de entrar pela janela. E, quando entra, normalmente está de pantufas e com cara de quem vai ficar por um bom tempo.
A psicologia científica tem um nome para essa sensação de “não sei mais o que estou fazendo com a minha vida”: desregulação emocional, incongruência experiencial, ou — para os íntimos — “bug existencial temporário”. E tudo bem. O importante é lembrar que esse bug não é defeito seu. Ele é, na verdade, parte de um sistema emocional evoluído que tenta te proteger, mesmo quando parece estar sabotando cada decisão sua.
O problema não é estar perdido. O problema é achar que você não deveria estar. É isso que te puxa mais para dentro do pântano. A mente, coitada, só está tentando ajudar. Mas ela é como aquele amigo que insiste em dar conselhos enquanto o carro está pegando fogo — normalmente com frases como “você tem que pensar positivo” ou “já tentou gratidão?”. Obrigado, mente, mas agora não é hora.
O que funciona, segundo a ciência comportamental e cognitiva, é um pouco mais pé no chão: reconhecer que o desconforto faz parte da jornada, aprender a observar os próprios pensamentos sem comprá-los como verdades absolutas (spoiler: muitos deles são absurdos), e seguir em frente com o que é importante para você — mesmo com medo, dúvida e pernas bambas. Isso tem nome bonito: flexibilidade psicológica.
Você não precisa de todas as respostas. Só precisa dar o próximo passo — mesmo que ele pareça pequeno, irrelevante ou sem glamour. Às vezes, um banho quente, uma caminhada ou simplesmente dizer “isso é difícil pra mim agora” já é um ato de coragem.
Então, se você está perdido, saiba: você não está quebrado. Está apenas… humano.
E, sinceramente, você está indo melhor do que imagina.
Com um abraço metafórico e bastante evidência,
Gustavo Henrique
Psicólogo • Psicologia Baseada em Evidências