Como saber se sua ansiedade é normal ou se ela deveria estar pagando aluguel na sua cabeça

E por que aceitá-la (mesmo sendo desconfortável) pode ser mais útil do que lutar contra ela

Olá, pessoa racionalmente ansiosa!

Vamos direto ao ponto: sentir ansiedade é normal. Anormal seria nunca se preocupar — o que, aliás, é um ótimo enredo para um documentário criminal.

A ansiedade é uma função biológica elegante, sofisticada, projetada para aumentar sua chance de sobreviver ao caos da vida — e, com frequência, também à fila do banco. O problema é que, às vezes, ela se esquece que não vivemos mais fugindo de tigres-dente-de-sabre e resolve transformar tudo em ameaça. Aí não tem como: fica difícil até escolher uma pizza sem considerar todas as possibilidades de fracasso existencial.

Mas… como saber se a ansiedade está apenas cumprindo seu papel ou se está ocupando espaços indevidos na sua vida mental?


Ansiedade normal x Ansiedade patológica

A ciência, felizmente, se debruçou sobre isso com certa seriedade (e nenhuma pressa, porque ansiedade a gente estuda devagar mesmo). Eis alguns critérios que os estudos clínicos e o DSM-5 nos oferecem:

🔸 Intensidade: A ansiedade é compatível com a situação? Ficar ansioso antes de uma entrevista é ok. Ter uma crise de pânico porque alguém visualizou e não respondeu? Talvez nem tanto.

🔸 Duração: A sensação persiste mesmo quando não há motivo claro? Ansiedade que se instala por semanas, sem trégua, começa a levantar bandeiras vermelhas.

🔸 Impacto na vida: Você evita compromissos, lugares ou pessoas por medo de se sentir ansioso? A funcionalidade da sua vida diminuiu por isso? Se sim, pode ser hora de olhar com carinho (e ajuda profissional) para isso.


Mas por que aceitá-la se ela é tão desconfortável?

Porque lutar contra ela só piora.

Pesquisas da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) mostram que tentar eliminar a ansiedade a qualquer custo geralmente aumenta o sofrimento. É o famoso “quanto mais você foge do desconforto, mais ele te persegue com um megafone na mão”.

Aceitar não significa se resignar. Significa perceber: “Ok, estou ansioso. Isso é desagradável. Mas não é perigoso. Posso seguir mesmo assim.”

É como dirigir um ônibus onde a ansiedade está sentada no fundo, gritando coisas aleatórias (“E se todo mundo estiver te julgando?!”). Você pode tentar expulsá-la, mas aí tira a atenção da estrada. Melhor deixá-la lá — reconhecida, mas sem dar a chave do volante.


Conclusão prática

✔ Ansiedade é parte da vida.
✔ Às vezes ela exagera.
✔ Quando interfere de verdade, vale procurar ajuda.
✔ Aceitá-la, paradoxalmente, é o caminho mais saudável.
✔ E não, você não precisa amar o desconforto. Só precisa aprender a não fugir dele o tempo todo.

Como diria um autor britânico (que não citaremos aqui por questões legais e intergalácticas): não entre em pânico.

E, claro: leve com você um pouco de autoaceitação. Nunca se sabe quando a vida vai te testar com uma tempestade de pensamentos ansiosos — e ter ciência do seu lado ajuda a atravessar com mais clareza (e menos drama).


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Com evidência e leveza,
Gustavo
Psicólogo e apaixonado por traduzir ciência para seres humanos reais.

Este artigo foi escrito por:

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Gustavo Henrique

Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Gustavo Henrique | Psicólogo Clínico CRP 08/32842

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