Crescer é perder ilusões — e ganhar presença

O dia em que o “felizes para sempre” encontrou o boleto de luz

Posso te contar uma coisa? Eu achava que, quando crescesse, ia ter tudo sob controle. Tipo: acordar cedo sem drama, tomar café olhando o horizonte, trabalhar feliz e ainda ter tempo pra maratonar série. A vida adulta, na minha cabeça, era um filme organizado, com trilha sonora bonita e roteiro coerente.

Aí eu cresci.
E descobri que a vida adulta é, na verdade, uma mistura de “o que tem pra hoje?” com “onde foi que eu coloquei aquela conta pra pagar?”. Não é ruim, só é… diferente do que eu imaginava.

A psicologia chama isso de reestruturação cognitiva natural: com o tempo e a experiência, a gente ajusta o enredo pra combinar com o mundo real. É como se o cérebro dissesse: “Olha, essa parte aqui do script não faz sentido, vamos reescrever?”.
A neurociência explica que até uns 25 anos o nosso córtex pré-frontal ainda está amadurecendo — e é justamente essa parte do cérebro que ajuda a tomar decisões, planejar e lidar com frustrações. Ou seja: a gente entra na vida adulta já com boleto na mão, mas ainda aprendendo a como lidar com ele emocionalmente.

E aqui vem o ponto mais interessante: perder ilusões não significa perder a graça da vida. Pelo contrário. Quando as fantasias caem, sobra espaço pra presença. Menos “quando eu tiver tudo perfeito, aí vou aproveitar” e mais “o que dá pra fazer de bom agora, mesmo com esse caos em volta?”.
Terapias como a TCC e o mindfulness trabalham exatamente isso: a habilidade de separar o que é só pensamento automático do que realmente está acontecendo, e agir a partir daí.

No fim, crescer não é sobre controlar todos os capítulos da história. É sobre aprender a viver no meio do improviso — e até rir dele. É sobre tomar café enquanto o dragão resmunga no canto, e talvez até convidá-lo pra contar sua versão da história.

E, quer saber? Esse “roteiro bagunçado” tem uma beleza própria.

“Entre ilusões e presenças, seguimos escrevendo a vida como ela é.”
— Psicólogo Gustavo Henrique

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Gustavo Henrique

Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Gustavo Henrique | Psicólogo Clínico CRP 08/32842

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