Efeito Dunning-Kruger: Por que achamos que sabemos mais do que realmente sabemos?

Nas neurociências, há algo chamado vieses cognitivos. E o que são eles? Um viés é uma maneira que o cérebro usa para organizar algumas ideias que temos sobre o mundo, formando “atalhos” mentais. Esses atalhos, que chamamos de heurísticas, permitem que o cérebro acesse informações de forma mais rápida e eficiente, mas nem sempre com precisão.

Existem muitos vieses, e hoje vou apresentar um dos mais curiosos: o Efeito Dunning-Kruger. Ele é um viés em que tendemos a acreditar que sabemos muito sobre um determinado assunto, quando, na verdade, sabemos muito pouco.

Vou te dar um exemplo clássico. Se você perguntar a motoristas se eles se consideram bons ao volante, muitos dirão que sim, relatando quantas vezes evitaram acidentes ou como as multas que receberam foram injustas. Mas aqui está o ponto: a maioria dos motoristas pensa da mesma forma. Isso é o Efeito Dunning-Kruger em ação. Se todos fossem de fato tão bons, talvez não houvesse tantos acidentes, certo?

Esse fenômeno não se aplica apenas a motoristas. Ele é generalizado para várias áreas: pessoas que praticam esportes, profissionais em seus trabalhos, ou até mesmo quem tem um hobby. Muitos de nós subestimamos a complexidade de uma tarefa e superestimamos nossas habilidades. Por exemplo, quantas pessoas acreditam que podem cozinhar como chefs de primeira, apenas porque fizeram algumas receitas simples com sucesso?

Talvez você esteja se perguntando: “Então, eu não sou tão bom quanto acho que sou?” Não é bem isso. Se você tem resultados consistentes e está em constante aprendizado, provavelmente está no caminho certo. O que o Efeito Dunning-Kruger nos alerta é sobre a importância da humildade em reconhecer que sempre há mais a aprender, especialmente nas áreas em que nos sentimos muito confiantes.

Há também pessoas que se destacam e que chamamos de “fora da curva” – ou seja, indivíduos cujas habilidades estão bem acima da média e que conseguem comprovar isso por meio de resultados concretos e repetidos. Esse tipo de pessoa geralmente tem um entendimento profundo da própria capacidade e sabe medir seu desempenho de forma mais realista.

“Mas, Gustavo, isso não é desmotivador?” Na verdade, não precisa ser. O objetivo é nos fazer pensar de maneira mais racional e manter a humildade. Quanto mais confiantes estamos em algo sem uma base sólida, maior a chance de cometermos erros. E, dependendo da sua profissão, esses erros podem ter consequências sérias. Por isso, continue se aprimorando e buscando conhecimento. Reconhecer que há espaço para melhorar é o primeiro passo para, de fato, se destacar.

Lembre-se: o aprendizado contínuo é o que nos mantém em evolução. Afinal, o verdadeiro sucesso vem de reconhecer nossas limitações e trabalharmos para superá-las.

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Gustavo Henrique

Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Gustavo Henrique | Psicólogo Clínico CRP 08/32842

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