O desconforto não é um inimigo: por que desistimos tão rápido?

Entre intolerância à frustração e limites saudáveis: como a ciência ajuda a entender quando persistir ou quando sair de cena

Nos últimos anos, um fenômeno curioso tem chamado atenção de psicólogos e pesquisadores: cada vez mais pessoas desistem de objetivos importantes ao primeiro sinal de desconforto emocional. Mas será que isso significa fraqueza? Ou há algo mais complexo acontecendo?

tolerância à frustração é um conceito bem estudado dentro da psicologia cognitivo-comportamental. Pessoas com baixa tolerância tendem a perceber o desconforto (ansiedade, insegurança, tédio, esforço mental) como insuportável — mesmo quando, objetivamente, são experiências passageiras e parte natural do processo de alcançar metas. Estudos mostram que essa intolerância está associada a maior desistência em áreas como carreira, estudos, atividade física e até relacionamentos (Harrington, 2005; Barlow et al., 2014).

Por outro lado, há uma diferença fundamental entre desconforto saudável e sofrimento em contextos tóxicos. Persistir diante do desconforto que acompanha o crescimento (como a frustração de aprender uma habilidade nova ou lidar com rejeições pontuais) é diferente de permanecer em ambientes nocivos — um trabalho abusivo, um relacionamento coercitivo ou metas impostas que ferem valores pessoais. Nesse segundo caso, a ciência é clara: a saída não é “falta de resiliência”, mas sim um ato de autocuidado e preservação da saúde mental (Karatsoreos & McEwen, 2011).

Em resumo:

  • Desistir por desconforto comum → pode ser sinal de baixa tolerância à frustração e levar a uma vida de metas inacabadas.
  • Sair de contextos tóxicos → não é desistência, é sabedoria.

A chave está em aprender a diferenciar o que é desconforto natural do crescimento e o que é desgaste prejudicial. A psicologia baseada em evidências nos mostra que construir tolerância à frustração é um treino — e, ao mesmo tempo, reconhecer limites é um cuidado essencial.

E você, na sua vida hoje: está evitando desconfortos que poderiam te fazer crescer ou permanecendo em situações que já não fazem sentido?

Por: Gustavo Henrique
Psicólogo Clínico | Terapias Cognitivas e Comportamentais | Psicologia Baseada em Evidências

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Gustavo Henrique

Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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Prazer, sou Gustavo Henrique, psicólogo clínico com mais de 4 anos de experiência. Minha jornada na faculdade começou com um interesse crescente por uma psicologia mais científica. Fiz minha primeira pós-graduação em Análise Comportamental Clínica pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC) e, em seguida, concluí uma pós em Terapia Cognitiva Comportamental pela PUCRS. Trabalhei como psicólogo hospitalar e, posteriormente, em uma comunidade terapêutica. Além disso, atuei como supervisor em terapia ABA com crianças autistas. Atualmente, concentro meus estudos e práticas nas áreas de neurociência e psicologia baseada em evidências, e sou membro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em Evidência.

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